The Masters / Masters 2011

O sul-africano Charl Schwartzel foi o grande vencedor do torneio e deixou o futuro rei do golfe despido de vergonha
No sonho americano há um casaco que pode mudar a vida de um homem. O verde não cai bem em qualquer um, é certo. Mas Augusta é para a vida e aqui o green jacket nunca passa de moda. No US Masters 2011 o gabinete de provas esteve lotado como há muito tempo não se via. A vestimenta até faz pendant com as cores da Irlanda e foi por isso com alguma estranheza que o blazer assentou como uma luva nos ombros de um sul-africano.

Com pezinhos de lã. Foi desta forma que o inspirado Charl Schwartzel chegou à última ronda do principal torneio do circuito mundial. Fez quatro birdies seguidos e deixou os rivais à beira de um ataque de nervos, 50 anos depois de Gary Player, padrinho do golfe sul- -africano, se ter tornado o primeiro jogador internacional a ganhar um master. 

O suave sotaque de Joanesburgo e a postura delicada não deixam adivinhar um Schwartzel que possa perder a cabeça por um desafio. Mas foi o que aconteceu quando o sul-africano decidiu que queria vencer um grande torneio. Depois de receber o casaco verde das mãos do antecessor, Phil Mickelson, dedicou a vitória ao pai e agradeceu a Louis Oohuizen, o amigo e compatriota que venceu o Open no ano passado. "O meu pai foi muito importante na minha carreira, sem ele não tinha este swing do golfe. E o Louis é uma inspiração", disse o jogador de 26 anos.

O US Masters foi ganho por um sul-africano, mas será sempre recordado pelo suspiro de Rory McIlroy, de mãos na cabeça e os olhos a ameaçarem um dilúvio. Uma derrota humilhante para o irlandês - e "futuro rei do golfe", dizem os experts -, depois de uma exibição impressionante ao longo de 54 buracos. Com o chapéu até às sobrancelhas, a camisa fora das calças e um passo demorado, o favorito Rory parecia um miúdo envergonhado no regresso a casa depois de uma negativa no teste de Matemática.

O golfe é um jogo caprichoso e quem se esqueceu que a coroação só acontece depois da última tacada ainda tem uma difícil lição para aprender. Em Augusta todas as previsões perderam o fôlego durante os 27 minutos da ronda final de McIlroy. Foi o tempo que a confiança do "novo Woods" tardou a dissipar-se. Um boogie no primeiro buraco e várias tacadas desajeitadas abriram a porta do reino de Augusta aos seus perseguidores. Entre eles estava o rei, the one and only.

O público, que já tinha esquecido a habilidade do antigo número 1 para regressos inverosímeis, voltou a acreditar que Tiger se podia regenerar. A excitação apanhou de assalto o court e as quatro anteriores vitórias em Augusta fizeram palpitar a audiência. No final, as cinco pancadas abaixo do par foram curtas para segurar a vitória e o norte-americano terminou no grupo dos terceiros classificados, com Geoff Ogilvy e Luke Donald. Schwartzel negou a vitória aos favoritos e impediu o primeiro triunfo de um australiano em Augusta. Adam Scott e Jason Day acabaram em segundo.

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